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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Olhai os lírios do campo











Olhai os lírios do campo



O amor de Olívia e Eugênio é o aspecto mais envolvente do livro “Olhai os 


  lírios do
campo”, de Érico Veríssimo; Um amor conturbado pelas pretensões materiais
 Eugênio que se torna mais real após o falecimento de Olívia.
Através das cartas que ela escrevia – sem nunca enviá-las – Érico Veríssimo


 semeia
 diamantes no árido solo dos romances, pedras preciosas que poderiam estar


em 
compêndios de filosofia, religião ou espiritualidade. Sua visão coerente e 


 unificada da
 vida, onde não existe separação entre o espírito e a matéria, nos traz uma



percepção
 prática e possível de ensinamentos sagrados. Na transcrição a seguir, Eugênio está 
lendo a carta que Olívia lhe deixou, antes de entrar para a sala de cirurgia, de


 onde 

saiu sem vida.
Quero que abras os olhos, Eugênio, que acordes enquanto é tempo. Peço-te 


que 
(...) leias apenas o Sermão da Montanha. (...) Os homens deviam ler e meditar


 esse
 trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que


 não 
trabalham nem fiam, e, no entanto nem Salomão em toda a sua glória jamais 

se 
vestiu como um deles.
Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar
 deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois


 um
 mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos,
entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao
 dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para 


olhar os
 lírios do campo e as aves do céu.
Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da 


renúncia
, ou que ache que o povo deva viver narcotizado pela esperança da felicidade 

na 
‘outra vida’. Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres


 fortes,
 para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os 


aproveitadores

 sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas


 cruéis.
 Temos de fazer-lhes frente. É 
 
indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da 
violência, e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele 


foi
 antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.
Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para 


todas
 as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de 


cooperação. E
 quando falo de aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de 


todas 
as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. “Refiro-me, sim,


 à 
aceitação da luta necessária, do sofrimento que esta luta nos trará, das horas 
amargas a que ela forçosamente nos há de levar.” Extraído de “Olhai os lírios do
 campo”, de Érico Veríssimo, páginas 153 e 154, Companhia das Letras, 4ª 


edição. O
 trecho citado do Sermão da Montanha está em Mateus, 6, 24-34.